Policial militar preso pede comida em aplicativo e agentes encontram cocaína na embalagem, em Fortaleza
06/08/2025
(Foto: Reprodução) Sede do 5º Batalhão de Polícia Militar, em Fortaleza, que serve de presídio para policiais
Larissa Wenya/TVM
Um policial militar de 37 anos foi flagrado com oito papelotes de cocaína escondidos na sua cela no 5º Batalhão da Polícia Militar, conhecido como Presídio Militar de Fortaleza, onde cumpre pena por deserção. Os papelotes estavam dentro de uma quentinha que ele, mesmo preso, havia solicitado por um aplicativo de delivery, segundo publicação no Diário Oficial do Estado do Ceará.
O processo foi protocolado em junho, mas a data exata da apreensão não foi divulgada. No fim de julho, o policial passou a ser investigado por esse caso pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).
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Segundo publicação da CGD no Diário Oficial, a droga foi encontrada durante uma vistoria de rotina feita pelo oficial do dia. Não há confirmação se a droga veio junto com o pedido ou se ele a escondeu dentro da embalagem.
A CGD ordenou a instauração de um processo administrativo disciplinar para analisar a conduta do PM e a "incapacidade deste para permanecer nos quadros da Corporação Militar".
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O g1 questionou a Polícia Militar sobre como o policial preso conseguiu fazer o pedido de comida por um aplicativo em junho, isto é, utilizando um aparelho celular, e como a quentinha foi entregue ao agente. A corporação respondeu apenas que a reportagem procurasse a CGD, órgão que está investigando o caso administrativa.
A CGD, por sua vez, informou apenas que "instaurou procedimento disciplinar para investigar a ocorrência no âmbito administrativo" e que o processo está em trâmite.
Motivo da prisão
O policial responde a processos de deserção, desacato, ameaça, entre outros, todos referentes a violações do Código Penal Militar (CPM). Ele está preso desde maio de 2024, quando ligou para a Polícia Militar pedindo ajuda e, ao encontrar os agentes, se apresentou como desertor e pediu para ser preso.
Em dezembro de 2024, ele foi flagrado com um celular na cela e, quando o policial de guarda apreendeu o celular, o agente o desacatou e tentou tomar o aparelho. Situação semelhante ocorreu em abril de 2025, quando ele foi novamente flagrado com um aparelho celular no presídio, desacatou, ameaçou de morte e agrediu os policiais que tomaram o aparelho.
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Na primeira prisão por deserção, em 2022, o policial alegou problemas mentais e familiares, destacando que possui depressão. A Justiça considerou parcialmente a tese de insanidade mental e solicitou laudos para avaliar seu estado psicológico.
Policial acumula violações no Código Penal Militar
Segundo apuração do g1, o policial possui no histórico uma série de violações ao Código Penal Militar. Em 2021, ele acusado de extravio após o sumiço de uma pistola, um revólver e suas munições. Ele fechou um acordo para ressarcir a corporação e o processo foi suspenso.
Em 2022, ele foi preso por deserção após passar quase sete semanas sem ir trabalhar. Ele afirmou que estava de licença médica por problemas mentais, mas não renovou a licença e não se apresentou de volta ao serviço, motivo pelo qual foi preso.
Na ocasião da detenção, houve um desentendimento com os policiais que cumpriram a ordem de prisão, por isso ele também foi acusado por desacato e ameaça. Ele ficou preso por alguns meses, mas foi solto.
Além do crime de homicídio, Francisco Thiago responde por ter arremessado água quente em outro PM que dormia dentro do Presídio Militar, em Fortaleza.
Natinho Rodrigues/ SVM
Em 2023, ele foi acusado novamente de deserção após não aparecer para trabalhar. Em maio de 2024, ele se entregou após acionar a polícia afirmando que estava sendo perseguido, mas quando a viatura chegou ao local ele revelou aos policiais que estava como "desertor", pedindo para ser levado ao Presídio Militar.
Em dezembro de 2024, ele foi flagrado utilizando um celular enquanto estava deitado na cama da cela. O aparelho foi apreendido pelo policial que fazia a ronda, mas o preso tentou pegá-lo de volta.
Ele passou a discutir com o policial que fez a apreensão e chegou a dizer "você é um gaiato", além de palavras de baixo calão, por isso ele recebeu voz de prisão. Ele resistiu e acabou algemado com a ajuda de outro agente.
No início de abril de 2025, ele voltou a ser preso dentro do presídio por portar um celular. Ele tentou reaver o aparelho, no que passou a discutir com dois colegas de farda. Ele ameaçou os dois, desacatou os policiais e agrediu um deles. O homem acabou algemado.
Os episódios fizeram com que o agente fosse acusado, nos autos dos processos, de comportamentos como desacato, ameaça, resistência à prisão, lesão corporal, ataques contra superiores, entre outras violações do CPM.
Parte dos processos movidos contra o policial está suspensa devido à suspeita de insanidade mental. A Justiça Militar ordenou que a Perícia Forense do Ceará preparasse um laudo psiquiátrico para verificar as verdadeiras condições mentais do policial. A reportagem não conseguiu confirmar se o laudo foi concluído.
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